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AFFRONT : visibilidade e questionamentos sobre um mundo em colapso

Por Welton Warheart


ENTREVISTA


A banda carioca Affront, formada em 2016, surge com um dos grandes expoentes do Thrash Death metal Sul-americano. Atualmente formada por:  M.Mictian (fundador, baixo e vocals) ex-Unearthly; Marcel Barros (guitarra) e R. Lobato (bateria) também ex-Unearthly, O “Power trio” estava em turnê do segundo trabalho de estúdio, "World In Collapse", gravado em 2018 e lançado oficialmente em Março de 2019 via Rotthenness recs no Brasil e, em Abril, na Europa pela Polymorphe Recs (França).

Rádio Rock Capital: Para introduzir novos fãs ao trabalho da banda, gostaríamos de saber: Qual o significado por trás do nome da banda?


M.Mictian: "Affront" é insultar e afrontar, basicamente são estas mensagens que tentamos passar em nossas letras, o questionamento é o que o "Estado" e as autoridades mais temem, por isso, eles tentam impedir e negam cultura, informação e educação ao povo, porque quando estes mesmos possuem esses itens básicos, começam a cobrar e questioná-los trazendo assim muito incômodos a eles.

Rádio Rock capital: “Angry Voices”, lançado em 2016, apresentou uma banda extrema e considerando a experiência dos músicos, apresentou de imediato à maturidade musical. Como foi recebido este material nos territórios nacional e internacional? 



M.Mictian: "Angry Voices" é mais death metal, pesado ríspido como você falou, por sermos mais experientes e bem conhecidos no meio underground. Acredito que isso tenha facilitado um pouco a absorção do material que foi logo aceito pelo selo Cianeto Recs que lançou no Brasil e a Polymorphe recs (França) que lançou em todo território Europeu. A repercussão foi ótima fizemos muitos shows e saímos em muitas revistas especializadas no Brasil e Europa e, de verdade, o público também abraçou de forma agradável o álbum. Isso nos deixou muito felizes.

Rádio Rock Capital: Uma das características marcantes das bandas brasileiras se dá pela agressividade musical e influência diretas que fazem do Brasil uma grande escola para música extrema. É possível identificar influências de Sodom, Kreator e bandas de death metal como Unleashed, Bolt Thrower, dentre tantas outras. Além destas bandas, quais bandas nacionais influenciaram para identidade musical da banda?

M.Mictian: Na verdade, é claro que temos muitas influências, mas na hora de compor não buscamos copiar ou parecer com nenhuma banda que gostamos e ou nos influenciaram. A nossa ideia desde o começo sempre foi deixar a música fluir e, assim, as canções saírem de forma natural, Parecendo ou não com outras bandas, queríamos uma música solta e livre sem fórmulas do sucesso. Era deixar mesmo a música acontecer e fluir e isso aconteceu e desta forma. Um momento ou outro as músicas lembra aqui ou alí bandas das quais gostamos e isso também foi natural e bom pra nós, mas sem forçação de barra.

Rádio rock capital: A música “ Mestre do Barro” do primeiro trabalho “ Angry Voices” é a representação de sua imersão cultural e reflexões a respeito da cultura nordestina, Neste segundo trabalho “World in Collapse” temos a música “ Favelas, Senzalas” com uma abordagem que reflete a desigualdade social, não apenas configurada em uma realidade carioca e sim brasileira. Quais obras literárias influenciam o trabalho e composição da banda? Em tempos de documentários e material disponibilizado em sites de streaming, também teria alguma dica de conteúdo para que os fãs pudessem ter contato?



M.Mictian: Acho o que mais me influenciou nessas duas canções foram minha família Nordestina e por eu nascer e crescer em uma favela do RJ (que algo mais real?). Não há ficção nessas músicas o que foi escrito alí são coisas reais a qual eu diria podemos tocar com as mãos. Eu me inspirei na vida real, na minha vida real, algo que vivi, não plagiei, não inventei. Eu quis falar sobre um assunto o qual eu realmente tinha conhecimento de causa. Não são coisas que vi pelo jornal ou na TV e achei "bacaninha" escrever sobre o assunto.

Rádio Rock Capital: A cultura e história brasileira são sempre revisitadas nos trabalhos da banda, criando além da estrutura musical a identidade própria, com críticas sociais e importantes reflexões a respeito da sociedade e costumes brasileiros. Qual a importância do posicionamento do músico, em tempos tão conturbados político e socialmente?

 

M.Mictian: Eu particularmente me sinto obrigado a dar minha contribuição, tem gente que acha que não se deve misturar Metal com Política, mas se pegarmos e paramos pra ler as letras de bandas que criaram o estilo veremos que o Metal sempre foi politizado sempre. Talvez o músico não queira colocar o tema em suas músicas, também acho do seu direito, mas negar seu posicionamento contra racistas, preconceituosos, homofóbicos, o discurso de ódio...etc, eu acho errado sim, uma coisa é você não pôr em suas letras, outra é não se posicionar contra, por que esses assuntos são problemas claros de desumanidade e se você não vai contra só resta um lado para você.

Rádio Rock Capital: O clipe de “Fogotten By God” apresenta uma animação muito bem feita, deixando clara a preocupação da banda com o desenvolvimento de novos fãs e maior inserção no mercado.  A banda mantém as características das grandes bandas do final dos anos 80 e 90, mantendo a tradição de divulgar vídeo clipes. Hoje pelo Youtube e demais plataformas. Qual a importância que a banda dá para este tipo de formato?


M.Mictian: Eu gosto muito de videoclipes, cresci vendo e, hoje em dia, é sempre bom ter variados tipos de ferramentas para divulgar seu trabalho, se adaptar aos novos tempos. Tem que saber fazer e estar pronto pra isso, então gostamos de fazer videoclipes com boa qualidade entregar algo realmente bom e que valha a pena o fã gastar seu tempo assistindo, colocar nossa música, nossa mensagem e deixar a galera assistir tomando uma cerveja como eu também faço (risos).

Rádio Rock Capital: Em tempos de um “Mundo em colapso”, como está sendo a divulgação de “World in Collapse” na Europa? Existe hipótese de bônus e lançamentos em versões diferentes para o mercado europeu?


M.Mictian: O álbum foi lançado praticamente simultaneamente Brasil e Europa em 2019, fizemos várias entrevistas pela Europa e Estados Unidos e acredito que foi até mais por lá do que aqui no Brasil Realmente a divulgação e aceitação têm sido muito boa; até em TV Francesa nós demos entrevistas via internet; apesar de ser um selo pequeno europeu ( a Polymorphe) a se esforçar para fazer um bom trabalho.

Rádio Rock Capital: Quais seriam seus 5 discos favoritos e 3 discos de bandas nacionais que merecem total atenção dos headbanguers?


M.Mictian: Sepultura - Beneath The Remains, Dissection - Storm Of Light´s Bane, Slayer - Reign in Blood, Kreator - Extreme Aggression, Sodom - Agent Orange Dorsal Atlântica - Dividir e Conquistar, Ratos de Porão - Brasil, Krisiun - Conquerors of Armageddon

Rádio Rock Capital: Gostaríamos de agradecer pela oportunidade, espero que, em breve, nos vejamos em Brasília ou em outras capitais, para shows da Affront. M.Mictian: Eu fico grato pela oportunidade, pelo apoio e acho que é exatamente isso que as bandas Nacionais precisam. Muito obrigado!




Edição: Denise (Cecília) Coelho


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